segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Série Povos da Amazônia: Cerâmica





  A arte em cerâmica demonstra um nível de desenvolvimento estrutural e cultural mais elevado dos povos indígenas que a utilizava, pois para carregar alimentos e água, cestos simples de vime impermeabilizados com cera já atenderiam bem o objetivo. De acordo com Karl von den Steinen, um antropólogo alemão, as primeiras cerâmicas foram obtidas por esse processo de impermeabilização, quando um índio pode ter esquecido um vaso com revestimento de barro próximo ao fogo e por esse acidente ter descoberto a cerâmica. Alguns historiadores não concordam com isso, pois a simples observação da natureza poderia ter levado o ameríndio a essa conclusão. Seja qual for a forma pela qual tomaram conhecimento, após a descoberta de que a argila poderia ser moldada e se tornava mais resistente por isso, os índios não dispensaram mais a utilização dessa técnica.
  Após feito e cozido, o vaso ainda era muito simples e precisava de decoração; assim vieram as pinturas ornamentadas, que eram feitas pelas índias, como todo o trabalho de confecção das cerâmicas, onde alguns povos ganharam destaque, entre eles os Marajó, que eram considerados mestres na confecção de maravilhosas louças.
  Mesmo depois de conhecida essa arte, muitas tribos continuaram usando o cesto de vime com revestimento de barro, algumas dessas tribos não tinham um alto grau de desenvolvimento e não conseguiam assimilar a técnica; e se utilizavam esses materiais era por que os obtinham em trocas. Alguns exemplos de tribos nossas que desconheciam ou ignoravam o uso da cerâmica eram os Caiapós, os Botocudos e os Craós. Ao contrário dos Aruaques, que foram os grandes oleiros de Marajó, cujos trabalhos eram encontrados em várias tribos, estimulando também os outros índios a produzirem sua cerâmica com maestria.
  A arte da cerâmica exige muita paciência de quem a pratica, tudo deve ser muito bem feito, a começar pela escolha do barro até as substâncias que a ele são misturadas, como cascas de árvore, carapaças de tartaruga e ossos; todos calcinados, podem ser utilizados também areia, conchas e até pó de pedra. Mas muitos consideram que o grande passo foi tomado quando tribos do baixo amazonas adicionaram o resíduo do Cauxi ao barro, tornando a cerâmica muito mais resistente e aumentando a sua durabilidade.
  A pintura normalmente era feita antes do cozimento, utilizavam tintas vegetais ou minerais. Temos como exemplo o vermelho obtido do urucu, para o vegetal; e as argilas de várias cores para os minerais. Além dessa pintura, os povos da Amazônia costumavam vidrar a louça, utilizando algum tipo de verniz, como a Jutaicica, por exemplo, isso dava um fino acabamento para a louça.
  Um processo bastante curioso de decoração utilizado e encontrado tipicamente em Marajó, consistia em uma fina camada de argila que era colocada no vaso; lá se moldava e era retirado o excesso até chegar novamente na parede original, criando assim, desenhos em alto relevo. Uma decoração mais modesta, mas muito utilizada, era feita com a ponta dos dedos, causando ondulações na peça.
  Além de todas as funções citadas, a cerâmica também era utilizada para a fabricação de urnas funerárias.

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