Fechamos essa série de entrevistas com o
guitarrista Zândhio Aquino.
Gostaríamos de agradecer todo o carinho e atenção
dos músicos; que demonstram sempre muito cuidado com tudo que se refere à banda
e muito respeito aos fãs.
Grande abraço à Arandu Arakuaa,
Muito
sucesso para vocês hoje e sempre.
Auê!!!
\m/
FÃS
ARANDU ARAKUAA: Quando foi que você soube
que seria um músico?
ZÂNDHIO: Aos 04 anos de idade; quando vi tocarem uma Viola de Buriti
(instrumento artesanal típico do estado do Tocantins) em uma folia de reis.
Nessa época eu já desenhava, mas quando tinha uns 07 anos de idade minha mãe, e
única incentivadora, faleceu; e isso ferrou com minha vida. Na adolescência
passei a escrever e atuar no teatro, só aos 20 anos de idade tive condições de
comprar, em parceria com um colega, uma Guitarra Giannini Supersonic toda
detonada; a partir daí só esperei o tempo de terminar a faculdade e em seguida
vim pra selva de concreto tentar meu sonho tão antigo. O Espírito sempre se
manifesta e o mato nunca sairá de mim, “I'm the green man”(Type O
Negative).
FÃS ARANDU ARAKUAA: O ritmo das suas composições geralmente varia, entre o
som extremo e uma levada leve, às vezes até suave; o que garante às musicas uma
identidade. Fale um pouco sobre como funciona o seu processo criativo.
ZÂNDHIO: Creio que toda essa tensão e variação de climas têm a ver
com minha personalidade; e o grande barato da arte é o artista se mostrar. Meus
parceiros de banda também colocam todas suas emoções lá, depois quem tem
contato com a música tem sua própria visão e a toma pra si. Você não tem nenhum
controle sobre a música, e isso é foda pra caralho!
Processo de composição não tem nenhuma regra, acontece o
tempo todo, basta você está disponível para externalizar o que já tem vida
dentro de você.
FÃS ARANDU ARAKUAA: Em outras entrevistas, você já havia citado que o nome
da banda foi tirado do livro A Terra dos
mil povos, de Kaká Werá; que, por sinal, é uma obra muito profunda, pois
apresenta a cultura indígena de forma poética e intensa. Essa obra influenciou
mais alguma coisa na banda além da escolha do nome?
ZÂNDHIO: Com certeza é uma das referências. É um livro que aborda
de maneira simples, bela e intensa o conhecimento e sabedoria dos nativos dessa
terra. É essa a linguagem típica dos povos indígenas e é com essa estética que
tentamos escrever as letras de nossas músicas. Assim que comecei a ler o livro
já dei de cara com o nome Arandu Arakuaa e já entendi naquele momento que esse
seria o nome certo. Seu significado tem tudo a ver com o que acredito a nível
espiritual.
FÃS ARANDU ARAKUAA: Hoje a Arandu Arakuaa é conhecida e admirada por muita
gente, e a maioria dos fãs se identifica não somente com o som, mas,
principalmente, com a temática apresentada pela banda. Faça um breve resumo
sobre a trajetória da Arandu até o presente, destacando os momentos que você
julgue mais importantes para o reconhecimento desse trabalho maravilhoso.
ZÂNDHIO: O ponto forte é ter contato diariamente com quem se
identifica com nossa música e mensagem. Sobre a trajetória em ordem cronologia:
entrada de cada músico; CD Demo lançado no Leste Europeu; nossas músicas
tocadas em um grande evento de moda com temática brasileira no sul do país;
lançamento do vídeo clipe da música Gûyrá; lançamento do CD Kó Yby Oré; apresentação
em formato acústico no Fórum Mundial de Direitos Humanos; tocar no Agosto de
Rock (TO); Femme Festival (GO); Ferrock
(DF) e em breve no Porão do Rock (DF) e THORHAMMERFEST
(SP).
FÃS ARANDU ARAKUAA: O que a banda Arandu Arakuaa representa para você?
ZÂNDHIO: Por muito tempo foi
apenas um sonho de um caipira qualquer,
hoje é realidade e pertence a todos que acreditam nesse sonho. Representa o que
acredito e como quero me manifestar artisticamente, tenho imenso respeito e
carinho por todos na banda e por todas as pessoas que nos apoiam. Ainda sou o
cara pacato, recluso... Eu não teria muita coisa excitante pra fazer além de me
envolver em um projeto artístico.
FÃS ARANDU ARAKUAA: Há alguma curiosidade sobre a banda que você gostaria de
compartilhar com a gente?
ZÂNDHIO: O clima interno na banda é muito legal, sempre rola zoeira;
e o mais zoeiro é nosso baixista. No começo da banda dividimos o palco com uma
banda que não tinha o som lá muito empolgante; Saulo já sabendo que sou meio
rabugento chega e fala: “sonzinho bem
mais ou menos né velhinho?” e eu “ah musiquinha feita por e para gente do piu
piu pequeno e do saco encolhido” ele sorri e fala “então, em se tratando de
pegada, você tem o saco arriado né?!”
Depois disso sempre que ele me via, já vinha com toda
discrição que lhe é peculiar e em alto e
bom som falava “oh nobre ancião do saco arriado!!!” e eu desconsertado “Pô seu
baixinho maldito nem todo mundo vai entender essa metáfora”.
Essa é apenas uma historinha mais leve para elucidar, já
que temos crianças na sala rsrs.
FÃS ARANDU ARAKUAA: Você gostaria de deixar algum recado para os fãs?
ZÂNDHIO: Primeiro quero agradecer imensamente ao Fãs Arandu Arakuaa por todo o apoio e
essas matérias fantásticas e variadas sobre os povos indígenas. Vocês são fodas, lindos e só me dão orgulho!!!
A todos que nos apoiam é agradecer, agradecer e
agradecer. Sem vocês nossa luta seria em vão.
Saulo discreto como sempre haha
ResponderExcluirMuito bom! A arte criativa se manifesta e não temos controle, somos como antenas captando energia, nos deixamos levar pela força motriz que nos mantém vivos! Ela nos conduz ou nos deixamos ser conduzidos por ela? Não importa, o resultado é sempre algo revigorante! Eîori, Arandu Arakuaa!
ResponderExcluirO verdadeiro artista age sem ego; ele eh de fato um agente para que uma linguagem transcendental se manifeste...Eh assim que acontece a arte; e por isso ela eh tão inspiradora.
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