terça-feira, 12 de agosto de 2014

O Xamanismo indígena

O pajé Kañî-paye com o aray e o charuto. © Eduardo Viveiros de Castro, 1982.              


Pajé ou Xamã

   É o líder espiritual e curandeiro, tem importância vital nos rituais e na tribo. Geralmente por ser mais velho que os demais integrantes da tribo, detém o conhecimento histórico dos antepassados e das plantas e ervas para os tratamentos de cura.
  Como líder espiritual é conhecido como Xamã, em diversas tribos ele que será responsável pelos rituais e por entrar em contato com as entidades protetoras do seu povo, nele também são depositados os poderes do sobrenatural.
  Diferente dos caciques, que são os líderes políticos da tribo, não entrando nessa definição.

Definição

   Não podemos dar apenas uma definição para Xamanismo, pois pode ser entendido como ritual, crença, religião e diversos outros significados. O termo é derivado de diversas palavras, depende muito da origem dos povos que a utilizam. Genericamente dizendo, podemos utilizar o termo para designar um dos mais antigos sistemas de rituais. Não se refere apenas aos povos indígenas que daremos foco aqui, mas a todo um grupo de diversas etnias e localidades mundiais.
  Diferente de outras religiões, não existem verdades inquestionáveis no xamanismo. Eles tentam por meio de seus ritos contato com as forças da natureza, almas dos mortos e animais que vivem em outras dimensões. Os xamãs tentam se conectar com o outro mundo, utilizando toda a magia e conhecimento que adquiriram durante uma vida de ensinamentos.
  Em algumas tribos esse ritual é feito sem o Pajé, um exemplo são os Parakanã do Xingu, localizados no Mato Grosso. Pessoas comuns entram em contato com o mundo espiritual através dos sonhos, dizendo para a tribo os canticos que devem fazer e o modo como o ritual deve seguir. Se uma pessoa está doente, ela pode entrar em contato com o mundo sobrenatural para renovar suas forças, nesse contato aprende novos canticos para passar para a tribo, enxergando as coisas invisíveis, tendo contato com o mundo do sobrenatural.
  A cosmologia indígena acredita que existem dois mundos, onde uma pessoa será dividida:

  •  Constituída pelo corpo que protegerá as almas e
  •  Duas almas, uma se tornará fantasma e a outra terá um destino único

  Os relatos dos índios contam que, antes todos tinham corpo humano, até que algo de errado aconteceu e tudo foi interrompido. Acreditam que os animais cometeram um erro muito grande e por isso foram aprisionados nesses corpos, mas continuam com uma alma humana viva. Os humanos são os únicos que além de manter a alma conseguem compartilhá-la com outros seres da natureza.

Parakanã no Igarapé Lontra. © Alfredo Cabral, 1972.


A Pajelança

  Esse é um termo que normalmente ouvimos quando estamos estudando o xamanismo. Mas o que significa a pajelança? Esse é um termo que veio da floresta Amazônica e é tido quando um elemento vivo faz contato com algo dos reinos da natureza, seja o vegetal, animal ou mineral. De acordo com os indígenas é praticado pelos Pajés.
  Nesses rituais, os xamãs tentam fazer um contato direto com a natureza para refazer algum elo perdido entre o povo e a natureza, por eles acreditarem que as doenças são causadas por fatores cósmicos, nesse ritual eles fazem exorcismos, curas e quaisquer atos que possam anular de alguma maneira, um ato errado que o índio possa ter cometido.
  Existem diversos rituais dentre os diversos povos indígenas, mas algo interessante entre eles é a maneira que são realizados. Por meio deles o equilíbrio do mundo é estabelecido e é de essencial importância na formação das sociedades. Nesses rituais são celebradas as diferenças entre o mundo natural e sobrenatural e todas as diferenças existentes nos seres humanos.

Encontro de Xamãs Yanomami. © Beto Ricardo, 2011.



 

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