Um povo praticamente exterminado pelos homens brancos,
sobrepujados, com medo e sem ter pra onde ir. Esses são os Avá-Canoeiro, povo
que está localizado no TO e em GO, sendo que alguns grupos vivem isolados para
preservar a cultura, passando pouco dos 25 indivíduos restantes sem perspectiva
alguma de um futuro melhor. A última tribo foi exterminada em 1970, deixando
apenas alguns sobreviventes.
Conhecidos por ser
um povo sobrevivente e com muita força de vontade, pois com o crescimento dos
garimpos, vilas e cidades, eles foram sempre obrigados a se deslocar,
tornando-se nômades e adquiriram também grande habilidade para caça e camuflagem,
aparecendo para o homem branco apenas quando lhes convinha.
Hoje existem quatro
grupos, sendo que dois deles tem contato permanente com a FUNAI, residindo na
região de Goiás e da Bacia do Araguaia, os outros dois vivem isolados mudando
de região constantemente.
O primeiro contato
desses índios com o homem branco foi por volta do século 19, na região do rio
Tocantins, sendo que desde essa época sempre travaram combates com os
crescentes grupos que invadiam seu território. Por volta de 1820 passaram a morar não apenas
nas margens dos rios, que ficavam em caminho direto com os crescimento da pecuária,
mas também nos altos das montanhas. Decorrente desses conflitos algumas tribos
foram em direção ao rio Araguaia enquanto outros continuaram nos arredores de
Goiás. Um dos ataques mais violentos foi por volta de 1970, quando fazendeiros
juntamente com habitantes locais pegaram uma tribo desprevenida e mataram cera
de 15 indivíduos que ali estavam, juntando os corpos em uma das habitações e
colocando fogo. Uma das maiores ameaças atuais
aos Avá do Tocantins é a usina da Serra da Mesa e todo o impacto ambiental que
ela causou, sendo que ela é vizinha a terra dos Avá, a “solução” proposta foi
um convênio com a FUNAI, dando 2% dos valores de royalties para os índios, mas
esse valor é administrado pela FUNAI até que eles acreditem que os índios
consigam fazer isso sozinhos, mas além da inundação causada por essa hidroelétrica,
existem estradas e cabos de alta tensão referentes a esse projeto que passam por
dentro do território.
Em relação ao modo
de vida, são grupo que forçosamente se tornaram nômades, esquecendo grande
parte da cultura de antes. Com o grande avanço dos não-índios pelas terras
foram forçados a deixar de lado o artesanato e o cultivo da agricultura,
retomando apenas quando tinham uma área segura de existência. Sobrevivendo assim das caças e coletas que
conseguiam encontrar pelo caminho. Uma coisa muito válida de se comentar é a
grande capacidade de adaptação que eles tem, pois a cada novo local existiam
novas mudanças climáticas e territoriais. Como o artesanato as artes plumárias
e pinturas corporais são praticamente inexistentes. Os bens materiais sofreram
grandes mudanças com o decorrer do tempo, existindo até o contato com materiais
de metal, o que se tornou um problema quando eles se isolaram, pois não tinha
outra fonte de conseguir esses materiais a não ser com o furto ou pilhagem. A
necessidade os tornaram grandes mestres em reciclagem de materiais usados,
carcaças velhas de carros poderiam se tornar lâminas rústicas, por exemplo.
Uma das estratégias
de sobrevivência utilizadas por eles é a formação de grupos pequenos e com alta
mobilidade, podendo se deslocar rapidamente pelos territórios. São subdivididos
em dois grupos, um com mais isolamento dos regionais e outro com um pouco
menos, sendo que o segundo tem uma maior dependência dos recursos e das roças
dos regionais. O primeiro tipo de regime era praticado pelos residentes do
Tocantins, que além da caça e coleta também utilizavam a agricultura como modo
de subsistência, já o segundo por ser mais nômade que o anterior dificilmente
faziam roças e a maior fonte de alimentação eram os gados que matavam das fazendas
vizinhas de onde estavam, o que se tornou um problema depois do contato com os
funcionários da FUNAI, pois foram impedidos de conseguir sua alimentação dessa
maneira. Os índios acreditavam que se não podiam se alimentar assim era uma
obrigação desses funcionários os alimentarem o que causou grande sedentarismo e
ressentimento, por que a FUNAI não os alimentava para incentivar o cultivo das
roças e a procura pela caça, o que foi visto como sinônimo de mesquinharia
pelos Avá-Canoeiro.
Não existem
iniciativas em relação a educação ou até mesmo saúde, sendo que os mais jovens
com muita dificuldade conseguem desenhar os seus nomes e independentemente da
doença que os aflijam não terão um tratamento específico, ficando à míngua
total ou utilizando os conhecimentos de curas que eles tenham. Um povo sem
perspectiva de um bom futuro, tendo a maior chance de sobrevivência na junção
das tribos, o que é praticamente impossível pelas diferenças culturais que
desenvolveram, vivendo em condições escassas de saúde e alimentação, sem
parceiros para dar continuação a linhagem, essa é a triste realidade que assola
os Avá-Canoeiros.
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