Os 250 anos
de contato do povo Xerente com os não-índios não afetaram a sua identidade
étnica. Todas as rápidas e intensas transformações tanto políticas como econômicas
que atingiram a região que eles residem, deu a oportunidade, não sem
dificuldade, de uma participação ativa nos processos transitórios e decisórios
que os envolvem. No meio de toda mudança e desenvolvimento econômico do estado
do Tocantis, os Xerente conseguem expressar e manter a sua cultura e tradições,
mostrando para a população a riqueza de sua cultura. Hoje temos cerca de 3.017
indivíduos, de acordo com um senso feito pela Funasa no ano de 2010. A língua
utilizada é o Akwe que pertence à família Jê.
História
Os Akwe chamado de Xerentes pelos não-indíos, junto com os Xavantes e Xakriabá,
são classificados como Jê Centrais, e se localizam no munícipio de Tocantínia
(TO), cerca de 70 km ao norte da capital, Palmas. Em um senso feito no ano de
1999, a população Xerente era de 1.850 indivíduos, espalhados por 34 aldeias e
em 2 cidades.
Os Xerentes se dividem em dois grupos, os
Isake e os Dohi. O primeiro é subdividido nos clãs wahirê, krozake e krãiprehi e o
segundo nos clãs kuzâ, kbazi e krito. A pintura corporal também é diferenciada,
enquanto os primeiros usam os traços, os segundos utilizam círculos. Tanto nos
rituais como na políticas esses grupos respeitam um ao outro, trabalhando
juntos em alguns rituais e apaziguando conflitos existentes.
Em meados do século XIX, ao norte da cachoeira Funil, nas margens do rio
Tocantins, encontrava-se o território dos Akwe Xerente. Eles viveram a
experiência de Thereza Cristina (um aldeamento, fundado em 1851 por um frei
italiano, hoje o local é conhecido como Tocantínia), é datado nesse período
alguns episódios protagonizados pelos Xerentes que dão luz a realidade atual.
Uma versão da origem do povo Xerente indica como local o Morro Perdido,
que fica próximo ao Rio Araguaia.
“Foi do Morro Perdido onde
se dividiram, Xavante,
Xerente. Karajá foi bem
daí do Morro Perdido que
foi para o Araguaia. Assim
foi toda a nação, tava tudo
ali no Morro Perdido. Foi
ali que dividiram, Krahô,
outras nações, tudo. Então
é toda a nação, mas quem
ficou em Morro Perdido foi
os Xerente e ainda hoje
está perto. (Sõware - Dezembro,
2003)”
*Morro Perdido - TO
Modos de Subsistência
Antes os Xerentes exploravam o grande
território através da caça e da coleta, tendo associado a agricultura
complementar. Portanto, o território, sempre foi a condição básica da subsistência.
As atividades de pesca, caça e coleta estão intimamente ligadas com o grande
conhecimento que o povo Xerente tem da natureza.
O ciclo de atividades da agricultura é
dividido em duas estações, a de seca (verão) que vai de maio a setembro e a
estação das chuvas (inverno) de outubro a abril. Outro tipo de roça muito utilizada
é feita as margens do Rio Tocantins, em um território de cerca de 12 km.
Pelas grandes dificuldades enfrentadas
atualmente, como falta de caça e pesca, os Xerentes tem buscado uma fonte de
renda na venda de artesanatos (cestarias, bordunas, arcos, flechas, colares,
etc.), apesar de pouco valorizada por quem mora na região essa é uma das
principais atividades desenvolvidas, pois a matéria-prima é acessível a todos.
Aldeias
As Aldeias
Xerente existentes hoje são: Funil, Bela Vista,
Cercadinha, Brejo Comprido, Serrinha I e II, Centro, Agua Fria, Rio do Sono,
Mirasol, Recanta, Baixa Funda, Brejinha, Salto, Porteira, Aldeia Nava,
Sangradouro, Lajeadinho, Cabeceira, Morrinho, Recanto da Agua Fria, Novo
Horizonte, ZéBrito, Aldeinha, Rio
Preto, Bom Jardim, Paraío, Baixão, Traíra, Ponte, Mirasol Nova.
Educação
O Xerente já passou por vários tipos de experiências
educacionais, a catequese é uma delas. A formação bilíngue foi patrocinada por
missionários a partir da década de 50. Mais recentemente, diversos órgãos vem
ajudando na formação educacional indígena, como a FUNAI, alguns antropólogos,
governo e faculdade do estado de Tocantins, são alguns exemplos. O ensino
formal nas aldeias, que hoje tem aproximadamente 30 professores, o que é quase
1 por aldeia, restringe-se apenas até a 4ª série, dificultando assim o ensino
ginasial, por questão de locomoção ou até mesmo de adaptação as exigências das
escolas não indígenas. Mesmo assim, atualmente já temos Xerente que cursam o
ensino superior.
*Entrega de uma nova escola
Festas
Corrida
de Toras de Buriti
Os Xerente são uns dos poucos que ainda hoje
praticam a corrida de toras de Buriti. Toda a corrida é associada com algum
tipo de rito, mudando assim a forma da tora, o percurso e os grupos que
praticam a corrida. Normalmente, é feita com duas toras iguais (exceto em
alguns ritos), onde dois grupos rivais carregam as suas respectivas toras. A
corrida é feita de fora da aldeia para dentro, ou apenas dentro da aldeia.
Os corredores devem estar pintados com o
padrão específico, que também estará presente nas toras. No final da corrida,
os homens, mulheres e crianças cantam em volta do pátio da aldeia.
Outras
festas: Festa
de dar nomes – Wakê; Homenagem aos mortos – Kuprê; Padi – tamanduá bandeira;;
Feira de Sementes do Cerrado.
Abaixo um vídeo curto, explicando um pouco da história dos Akwe Xerente, seu cotidiano e um pouco sobre a sua cultura.
Fontes:
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